Integrative and Complementary Health Practices and health workers in the health crisis of COVID-19
Abstract
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) correspondem a sistemas terapêuticos que buscam estimular a prevenção e a recuperação da saúde por meio de uma abordagem holística que abrange os aspectos físicos, mentais, sociais e ambientais do indivíduo, além do acolhimento e formação de vínculos terapêuticos. Estas práticas contribuem para a ampliação do cuidado em saúde, para a racionalização das ações de saúde, motiva a participação social, pois envolve usuários, gestores e trabalhadores, e proporciona maior resolutividade nos serviços de saúde [1].
Foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) através da Política Nacional de Práticas Integrativas Complementares de Saúde (PNPICS), aprovada pela Portaria GM/ MS nº. 971 de 2006. Atualmente, as PICS são representadas por: Apiterapia, Aromaterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Bioenergética, Constelação Familiar, Cromoterapia, Dança Circular, Geoterapia, Hipnoterapia, Homeopatia, Imposição de mãos, Medicina Antroposófica, Medicina Tradicional Chinesa, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Ozonioterapia, Plantas medicinais/Fitoterapia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária, Terapia com Florais, Termalismo Social e Yoga, totalizando 29 práticas que ampliam o escopo de cuidados à saúde [1]
As PICS podem ser uma importante estratégia para a amenização do sofrimento mental dos trabalhadores de saúde no atual contexto da pandemia da COVID-19, provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Esta crise sanitária trouxe fatores estressores e desafios laborais aos trabalhadores de saúde, a exemplo da quantidade insuficiente de materiais, insumos e equipamentos de proteção individual, falta de estrutura e suporte logístico, aumento da sobrecarga de tarefas e da jornada de trabalho, medo de contágio e transmissão aos familiares, medo do isolamento social e familiar, perda de pacientes e familiares em decorrência do vírus, baixos salários, desvalorização profissional e discriminação por serem da área de saúde e eventuais transmissores, medidas de proteção e biossegurança pouco claros, ambientes insalubres, treinamento inadequado, dificuldades de gerenciar a ansiedade e sofrimento dos pacientes, entre outros estressores [2-7].
Tal cenário é propicio para o desenvolvimento de um ambiente favorável a transtornos psicossomáticos e mentais, como ansiedade, estresse psicológico, crônico e ocupacional, exaustão, esgotamento profissional, depressão, aumento do uso de álcool e outras drogas, sono inadequado, medo, fadiga, frustração, preocupação, incertezas sobre a crise, dentre outros [3-11].
Nesta perspectiva, são essenciais a adoção de medidas protetivas e de cuidados aos trabalhadores de saúde tendo em vista o fato de estarem mais vulneráveis ao contágio pelo vírus SARS-CoV-2, além da urgência necessidade de se garantir o maior quantitativo possível destes trabalhadores no enfrentamento e combate à pandemia e a prestação de serviços eficientes e de qualidade [6,7].
Desta forma, dentre as PICS legitimadas no SUS, tem-se, por exemplo, a auriculoterapia, que integra a Medicina Tradicional Chinesa, sendo uma alternativa efetiva para redução dos níveis de ansiedade e estresse ocupacional exacerbados pela pandemia da COVID-19 nos trabalhadores de saúde. Sua plausibilidade biológica baseia-se na estimulação de pontos auriculares específicos e, consequentemente, estimulação de áreas cerebrais e do sistema nervoso vegetativo de maneira a produzir neuromediadores e neurotransmissores que agem na homeostase do organismo e no reequilíbrio energético do corpo [12].
Outrossim, a auriculoterapia é uma terapia viável por ser uma prática segura, de baixo custo, fácil aprendizado e aceitação, além de poder ser aplicada para diferentes tipos de enfermidades. Nesse sentido, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferta o curso semipresencial de auriculoterapia para capacitação de profissionais de saúde do SUS, em especial da atenção básica, como forma de disseminá-la nos espaços de saúde e aumentar a oferta de cuidados em saúde, sobretudo na Atenção Primária à Saúde, com milhares de profissionais de saúde já concluintes [13,14].
A auriculoterapia tem sido objeto de estudo no contexto da pandemia e com resultados promissores como a melhoria do conforto físico e psicoespiritual, estímulo ao autocuidado em saúde e uma tecnologia potencializadora da disposição para o enfrentamento das situações físicas e psicossociais pelos trabalhadores de saúde atuantes na pandemia [15,16].
Por conseguinte, a auriculoterapia e as demais PICS podem ser importantes aliadas na redução do adoecimento dos trabalhadores de saúde, tendo em vista melhorar a qualidade de vida, aumentar a sensação de bem-estar e, por sua vez, diminuir afastamentos, absenteísmos e contribuir para a prevenção de agravos, recuperação da saúde e enfrentamento aos desafios da pandemia.
Downloads
References
Brasil. Ministério da Saúde. Manual de implantação de serviços de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Mostafa A, Sabry W, Mostafa NS. COVID-19-related stigmatization among a sample of Egyptian healthcare workers. PLoS ONE, 2020. 15 (12): e0244172. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0244172
Robertson LJ, Maposa I, Somaroo H, Johnson O. Mental health of healthcare workers during the COVID-19 outbreak: A rapid scoping review to inform provincial guidelines in South Africa. South African Medical Journal, [S.l.], 2020; 110(10), 1010-1019. Disponível em: https://doi.org/10.7196/SAMJ.2020.v110i10.15022
Rodríguez-Rey R, Garrido-Hernansaiz H, Bueno-Guerra N. Working in the Times of COVID-19. Psychological Impact of the Pandemic in Frontline Workers in Spain. International Journal of Environmental Research and Public Health 2020, 17(21):8149. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph17218149
Shoja E, Aghamohammadi V, Bazyar H, Moghaddam HR, Nasiri K, Dashti M, et al. Covid-19 effects on the workload of Iranian healthcare workers. BMC Public Health, 2020; 20, 1636. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12889-020-09743-w
Souza e Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? Journal of nursing and health. 2020;10(n.esp.):e20104005. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/18444/11237
Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto ICM, Andrade LR, et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, 2020, 25(9): 3465-3474. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
Arafa A, Mohammed Z, Mahmoud O, Elshazley M, Ewis A. Depressed, anxious, and stressed: What have healthcare workers on thefrontlines in Egypt and Saudi Arabia experienced during the COVID-19 pandemic? Journal of Affective Disorders, 2021; 278, 365–371. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.09.080
Magnavita N, Soave PM, Ricciardi W, Antonelli M. Occupational Stress and M, ental Health among Anesthetists during the COVID-19 Pandemic. International Journal of Environmental Research and Public Health 2020; 17(21):8245. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph17218245
Salari N, Khazaie H, Hosseinian-Far A, Khaledi-Paveh B, Kazeminia M, Mohammadi M, et al. The prevalence of stress, anxiety and depression within front-line healthcare workers caring for COVID-19 patients: a systematic review and meta-regression. Human Resource for Health, 2020, 18(100). Disponível em:https://doi.org/10.1186/s12960-020-00544-1
Erquicia J, Valls L, Barja A, Gil S, Miguel J, Leal-Blanquet J, et al. Impacto emocional de la pandemia de Covid-19 en los trabajadores sanitarios de uno de los focos de contágio más importantes de Europa. Medicina clínica, 2020; 155(10): 434–440. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.medcli.2020.07.006
Scavone, AMP. Manual de auriculoterapia. Acupuntura francesa e chinesa. Editora Kindle, 2016.
Tesser CD, Moré AOO, Santos MC, Silva EDC, Farias FTP, Botelho LJ. Auriculotherapy in primary health care: A large-scale educational experience in Brazil. 4ª ed. Jornal de Medicina Integrativa, 2019; 17(4):302-309. Disponível em: doi: 10.1016/j.joim.2019.03.007
Tesser CD, Santos MC, Silva EDC, Moré AOO, Farias FTP, Botelho LJ. Capacitação em auriculoterapia para profissionais do sus em 2016-2017: perfil dos participantes, do seu envolvimento no curso e percepção sobre a prática. REVISE - Revista Integrativa em Inovações Tecnológicas nas Ciências da Saúde, 2020; 5(fluxocontinuo):1-18. Disponível em: https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/revise/article/view/1769/1113
Melo GAA, Neto JCG, Martins, MG, Pereira FGF, Caetano JA. Benefícios da auriculoacupuntura em profissionais de enfermagem atuantes na COVID-19 à luz da Teoria do Conforto. Escola Anna Nery [online]. 2020; 24. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0311
Trigueiro RL, Araújo AL, Moreira TMM, Florência RS. COVID-19 pandemic: report on the use of auriculotherapy to optimize emergency workers’ health, Revista Brasileira de Enfermagem. 2020; 73. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0507
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2021 Journal of Multiprofessional Health Research

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
This work is licensed under a Creative Commons License - Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International.